sexta-feira, 23 de julho de 2010

À procura da creche perfeita

Antes de se decidir por uma creche ou um jardim-de-infância, é necessário analisar cuidadosamente as opções existentes, com vista assegurar uma escolha acertada.

Os primeiros anos de vida são decisivos no desenvolvimento global das crianças. São a primeira etapa da educação básica da criança, complementar à acção educativa da família, e, por isso mesmo, os pais devem dedicar-lhe especial atenção.

A entrada num jardim-de-infância apresenta diversas vantagens, nomeadamente ao nível da socialização. Quando transita para a escola, a criança que frequentou o infantário já está habituada à convivência com outros meninos e adultos, já aprendeu a saber estar em grupo, a cumprir regras, e também já desenvolveu a sua autonomia. A passagem da casa para a escola do 1.º ciclo é, nestes casos, mediada pela estadia num espaço que favorece a socialização e ameniza a transição.

A socialização proporcionada pelo jardim-de-infância contribui também para o desenvolvimento da linguagem e do vocabulário, importantes na aprendizagem da leitura e da escrita e na aquisição de outros conhecimentos. Jogos e brincadeiras, livres ou orientados, promovem o desenvolvimento da criatividade. Actividades como jogos de linguagem desenvolvem a consciência dos sons da língua - factor muito importante na aprendizagem da leitura e da escrita - enquanto que, actividades como a modelagem, o desenho, a pintura e os recortes desenvolvem a motricidade fina.

Com orientações pedagógicas que variam de estabelecimento para estabelecimento, as actividades podem ser feitas num contexto mais informal, e com carácter lúdico, ou de uma forma mais formal, havendo alguns espaços onde as crianças começam já a aprender a ler e a escrever. Compete aos pais, no momento da escolha, informarem-se sobre as creches e os jardins-de-infância, de modo a tomarem a opção que lhes pareça ser mais acertada.

A escolha pode ser difícil. A dificuldade reside em dosear factores como a localização, o custo, a segurança, o serviço prestado, a empatia em relação ao conjunto de pessoas que trabalham na escola ou mesmo o horário do estabelecimento. A questão dos horários das creches e jardins-de-infância é, aliás, um problema que afecta muitas famílias. A maioria das creches praticam horários até as 18 horas, sendo que algumas funcionam até às 19 horas, cobrando uma taxa suplementar. O ministro do Trabalho e da Solidariedade já considerou que «as creches têm de ter horários mais alargados do que os actuais», estando o Governo na disposição de pressionar as instituições nesse sentido, valendo-se do facto de «cerca de 90% da rede de creches» serem apoiadas pelo Estado.

Antes de os pais tomarem uma decisão sobre o local ideal para deixar os seus filhos enquanto estão a trabalhar, a Associação de Defesa do Consumidor (DECO) aconselha-os a conversar com outros pais de modo a conhecer as suas experiências. Falar com o pediatra, procurar informação especializada e visitar alguns estabelecimentos são outros caminhos a seguir. A visita deverá ser feita na companhia da criança e os pais devem aproveitar para conversar com a direcção e com a educadora que eventualmente ficará com a criança.

Para ajudar os pais nessa visita e na selecção da creche ou jardim-de-infância ideal para os filhos, a DECO criou um formulário, disponível em www.deco.proteste.pt, com cerca de 40 perguntas que abrangem questões como a segurança contra incêndios, evacuação, riscos de ferimentos ou serviços da instituição.

A DECO sugere ainda algumas recomendações a ter em conta na visita a estes espaços. A creche deverá ter uma copa de leite e salas diferentes, equipadas de acordo com a idade das crianças. O berçário - que inclui a sala de berços e a sala-parque - só poderá ter no máximo oito bebés e deverão existir pelo menos duas salas de actividades. Todos os espaços devem estar em boas condições de higiene e segurança, bem iluminados e arejados. As instalações sanitárias também são importante e, devido à transição do bacio para a sanita, alguns chuveiros de água quente e fria "são essenciais".

Já no jardim-de-infância, cada sala só pode ter entre 20 a 25 crianças, divididas por grupos etários, sendo que "caso haja um grupo homogéneo de 3 anos só pode ter 15 crianças". O equipamento recreativo e pedagógico deverá ser bastante variado, com boas condições de higiene e segurança. As casas de banho devem estar equipadas com lavatórios e sanitas em número suficiente, papel higiénico, sabonete e toalhas ao alcance dos mais novos.

À falta de um espaço exterior coberto, uma sala polivalente poderá substitui-lo, para as actividades desportivas ou jogos e converter-se, inclusivamente, numa sala para os mais pequenos dormirem a sesta. Por isso mesmo, "não é necessário que esteja apetrechada com muitos equipamentos". Imprescindível é mesmo a sala de refeições, bem como uma cozinha bem equipada, onde a higiene é fundamental.

O espaço exterior da creche e do jardim-de-infância também deve ser diferente. Em ambos os casos, o equipamento "deve estar bem concebido e conservado", montado sobre areia ou gravilha fina em vez de cimento, ladrilho ou piso empedrado. A zona circundante deverá ser de terra batida ou relva.

Encontrada a creche ou o jardim-de-infância adequado, resta esperar que ainda haja vagas.
"A não ser que se opte pelo privado, e se possa pagar por isso, o que não acontece com muitas pais sem rendimento, as vagas existentes na rede pública da educação pré-escolar prevista há 10 anos na lei são insuficientes", argumenta a DECO.

IN :  http://www.educare.pt/
Autor : Joana Silva Santos

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